Novos públicos em Torres Vedras
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Novos públicos em Torres Vedras
Caro Rui Matoso
Antes de mais parabéns pelo seu trabalho de pensar a Cultura, de levantar questões, de tentar encontrar respostas, de partilhar as suas preocupações. Não é uma prática corrente, esta a de levantar a poeira da Cultura, especialmente no nosso meio torreense.
Venho juntar aos seus, um ou dois pontos sobre Cultura que (me) ressaltam evidentes de cada vez que assisto a um concerto, peça de teatro, ou visito uma exposição em Torres Vedras.
O primeiro ponto é o facto de, nos eventos de carácter cultural que têm lugar em Torres sempre se encontram as mesmas pessoas. Um punhado de “indefectíveis gauleses da Cultura” , bem hajam, mas sempre os mesmos. Conhecemo-los quase todos, são pessoas despertas, atentas ao que se passa em termos culturais e muitos dos espectáculos que ocorrem em Torres ficariam desertos se não fosse a presença constante desse pequeno mas fiel grupo de espectadores. Isto revela, de uma forma por demais evidente, a ausência de trabalho desenvolvido no sentido da criação de novos públicos para a Cultura em Torres Vedras. A meu ver, não tem havido por parte do principal programador cultural da cidade – a Autarquia – a devida preocupação com este ponto. Como todos sabemos, a criação de públicos é um trabalho de longo curso, com resultados apenas visíveis a longo prazo mas que, mais cedo ou mais tarde, inevitavelmente, terá de ser feito. Qualquer política cultural terá de incluir como ponto fulcral, a criação de novos públicos, se quiser ter um mínimo de coerência e ser levada a sério... Vem isto a propósito do ciclo de Jazz que está de momento a ter lugar em Torres Vedras – Jazz em Setembro. Parabéns pela organização do evento. O Jazz faz falta em Torres Vedras. Mas... não seria possível tentar criar sinergias com outros públicos que não “os do costume” ? Que tal agendar (pelo menos) um dos concertos, para um horário em que o público mais jovem pudesse mais facilmente estar presente? Ou abrir o ensaio de som -que geralmente tem lugar ao fim da tarde e ao qual o público não tem acesso – a um público escolar que possa interagir com os músicos, falar com eles sobre o que se irá passar, á noite, nesse palco? Dessa forma cada concerto se transformaria em algo mais do que o que acontece no palco e poderia representar uma experiência determinante naqueles miúdos que assistiram e participaram num momento de intimidade e de partilha com os músicos. Talvez um ou dois daqueles miúdos percebesse que cada concerto é uma viagem e que ouvir música (Jazz ou outra) é, por momentos, partilhar a companhia dos mais incríveis personagens. Talvez se conquistasse um ou dois futuros apreciadores do género. Talvez, no futuro, o Cine-Teatro não estivesse tão vazio em alguns concertos. E talvez, no futuro víssemos mais caras novas nos eventos da Cultura torriense.
A Autarquia, “esqueceu-se” que, em anos anteriores, gastou dinheiro apoiando a parceria entre a Escola de Jazz de Torres Vedras e o agrupamento de escola de Torres Vedras no projecto “O Jazz vai á Escola” , projecto esse cujo objectivo era a criação e novos públicos para o Jazz. Estranhamente (ou não) quando, nos últimos dois anos a programação autarquica incluiu o ciclo “Jazz em Setembro” esquece os novos públicos que dizia querer atingir, objectivo com o qual foram gastos dinheiros públicos. A manifesta incoerência desta atitude deriva, a meu ver, da falta de uma visão global e integrada de Cultura.
As Autarquias, enquanto programadores culturais de referência têm a obrigação a articulação entre os eventos programados e os públicos estabelecidos como alvo. Não ter isso na primeira linha de preocupações é “quase” fazer. E “quase” fazer, é manifestamente curto.
Muitas outras interessantes questões sobre Cultura torriense poderiam e deveriam ser abordadas . Felicito-o pelas questões que se tem dado ao cuidado de levantar .
Melhores cumprimentos
José Menezes
Antes de mais parabéns pelo seu trabalho de pensar a Cultura, de levantar questões, de tentar encontrar respostas, de partilhar as suas preocupações. Não é uma prática corrente, esta a de levantar a poeira da Cultura, especialmente no nosso meio torreense.
Venho juntar aos seus, um ou dois pontos sobre Cultura que (me) ressaltam evidentes de cada vez que assisto a um concerto, peça de teatro, ou visito uma exposição em Torres Vedras.
O primeiro ponto é o facto de, nos eventos de carácter cultural que têm lugar em Torres sempre se encontram as mesmas pessoas. Um punhado de “indefectíveis gauleses da Cultura” , bem hajam, mas sempre os mesmos. Conhecemo-los quase todos, são pessoas despertas, atentas ao que se passa em termos culturais e muitos dos espectáculos que ocorrem em Torres ficariam desertos se não fosse a presença constante desse pequeno mas fiel grupo de espectadores. Isto revela, de uma forma por demais evidente, a ausência de trabalho desenvolvido no sentido da criação de novos públicos para a Cultura em Torres Vedras. A meu ver, não tem havido por parte do principal programador cultural da cidade – a Autarquia – a devida preocupação com este ponto. Como todos sabemos, a criação de públicos é um trabalho de longo curso, com resultados apenas visíveis a longo prazo mas que, mais cedo ou mais tarde, inevitavelmente, terá de ser feito. Qualquer política cultural terá de incluir como ponto fulcral, a criação de novos públicos, se quiser ter um mínimo de coerência e ser levada a sério... Vem isto a propósito do ciclo de Jazz que está de momento a ter lugar em Torres Vedras – Jazz em Setembro. Parabéns pela organização do evento. O Jazz faz falta em Torres Vedras. Mas... não seria possível tentar criar sinergias com outros públicos que não “os do costume” ? Que tal agendar (pelo menos) um dos concertos, para um horário em que o público mais jovem pudesse mais facilmente estar presente? Ou abrir o ensaio de som -que geralmente tem lugar ao fim da tarde e ao qual o público não tem acesso – a um público escolar que possa interagir com os músicos, falar com eles sobre o que se irá passar, á noite, nesse palco? Dessa forma cada concerto se transformaria em algo mais do que o que acontece no palco e poderia representar uma experiência determinante naqueles miúdos que assistiram e participaram num momento de intimidade e de partilha com os músicos. Talvez um ou dois daqueles miúdos percebesse que cada concerto é uma viagem e que ouvir música (Jazz ou outra) é, por momentos, partilhar a companhia dos mais incríveis personagens. Talvez se conquistasse um ou dois futuros apreciadores do género. Talvez, no futuro, o Cine-Teatro não estivesse tão vazio em alguns concertos. E talvez, no futuro víssemos mais caras novas nos eventos da Cultura torriense.
A Autarquia, “esqueceu-se” que, em anos anteriores, gastou dinheiro apoiando a parceria entre a Escola de Jazz de Torres Vedras e o agrupamento de escola de Torres Vedras no projecto “O Jazz vai á Escola” , projecto esse cujo objectivo era a criação e novos públicos para o Jazz. Estranhamente (ou não) quando, nos últimos dois anos a programação autarquica incluiu o ciclo “Jazz em Setembro” esquece os novos públicos que dizia querer atingir, objectivo com o qual foram gastos dinheiros públicos. A manifesta incoerência desta atitude deriva, a meu ver, da falta de uma visão global e integrada de Cultura.
As Autarquias, enquanto programadores culturais de referência têm a obrigação a articulação entre os eventos programados e os públicos estabelecidos como alvo. Não ter isso na primeira linha de preocupações é “quase” fazer. E “quase” fazer, é manifestamente curto.
Muitas outras interessantes questões sobre Cultura torriense poderiam e deveriam ser abordadas . Felicito-o pelas questões que se tem dado ao cuidado de levantar .
Melhores cumprimentos
José Menezes
José Menezes- Mensagens : 1
Data de inscrição : 05/07/2009
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